O inicio de cada ano letivo proporciona novos desafios relacionados à aprendizagem e ao convívio social. A troca de escola pode potencializar o desenvolvimento de questões emocionais devido à estranheza, o desconforto e o sentimento de não pertencimento.
As emoções e sensações desagradáveis relacionadas à ansiedade podem estar associadas não apenas à dificuldade de aprendizagem, mas também à socialização. Essas vivências afetivas manifestam-se, dentre outras formas, como sentimentos de solidão e necessidade de aceitação. Afinal, como fazer novos amigos? E os antigos, como mantê-los?
O problema mais temido sem dúvida é o fantasma do Bullying: uma forma de agressão física ou psicológica, que ocorre repetidamente e de maneira intencional, humilhando e intimidando as vítimas. Essas experiências causam impacto diretamente na autoestima e autoconfiança.
Intimidação Sistemática (Bullying)
Segundo o Programa de Combate à Intimidação Sistemática, aprovado em novembro de 2015 pela então presidenta Dilma Rouseff, existem oito modalidades que caracterizam a prática do Bullying:
- FÍSICO – violência física repetitiva;
- PSICOLÓGICO – perseguição, intimidação, dominação, manipulação, chantagem;
- MORAL – difamação, calúnia, quando se espalha um boato;
- VERBAL – apelidos, insultos e xingamentos repetitivamente;
- SEXUAL – assediar, induzir ou abusar;
- SOCIAL – ignorar, isolar ou excluir constantemente um colega;
- MATERIAL – quando há furto, roubo ou destruição dos pertences de alguém;
- VIRTUAL ou CYBERBULLYING – humilhar os colegas pela rede, enviar mensagens que invadem a intimidade, falsificar fotos e dados pessoais, provocando sofrimento e constrangimento.
Alguns colégios já adotam projetos de ambientação incentivando a participação de seus próprios alunos no processo de integração promovendo a “adoção” dos novatos. Desta forma, são encorajados a estabelecer relações baseadas na ajuda e cooperação ao recepcionar os colegas. Esta atitude busca aproximar os alunos, desconstruir as relações de poder entre “veterano” e o “calouro” e prevenir o Bullying.

O medo de sofrer com a intimidação sistemática torna-se um grande fantasma para o processo de adaptação ao novo ambiente escolar
Os desafios da ambientação na nova escola
A transição de uma escola para a outra deve ser conduzida pelos pais. Orienta-se que a família realize uma visita prévia à nova escola. O orientador pedagógico que acolhe e elucida as dúvidas é um facilitador neste processo. Este profissional poderá identificar através da historia da criança características particulares, como sua matéria preferida e as que possui mais dificuldade, a fim de favorecer sua inserção na nova instituição de forma diferenciada.
Faz-se necessário um período de ambientação que permita com que a criança ou o jovem se adapte e se reorganize num espaço de confiança. Experimentando a rotina, o aluno pode observar questões com as quais se identifica, transformando o que era estranho, até então, em algo familiar. Ao desenvolver a segurança, o aluno estará mais atento, concentrado e motivado, o que irá impactar positivamente no seu aprendizado, aumentando inclusive seu rendimento escolar.
A parceria entre a família, professores e instituição é fundamental na percepção e condução do processo de readaptação escolar. A organização dessa rede de suporte favorece a troca, ou seja, a criança sente-se à vontade para compartilhar suas sensações e sentimentos de estranheza em um espaço seguro. Desta forma, todos juntos poderão escolher o melhor caminho a seguir em benefício do desenvolvimento infanto-juvenil.
Referências Bibliográficas:
BRASIL. Lei n. 13.185, de 6 de novembro de 2015. Institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying). Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13185.htm.
PAPALIA, Diane E.; OLDS, Sally Wendkos; FELDMAN, Ruth Duskin. Desenvolvimento humano. 7.ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. 684 p.
Patto, M. H. S. (1999a). A produção do fracasso escolar: histórias de submissão e rebeldia (4a ed.). São Paulo: Casa do Psicólogo.